segunda-feira, 5 de outubro de 2009

São Jacinto


O MEP Aveiro visitou, hoje durante a tarde, a Freguesia de São Jacinto em campanha para as eleições autárquicas, procurando ouvir a população, assim como divulgar a sua mensagem, explicando por que razão se candidata à Assembleia Municipal.

Na viagem de lancha para S. Jacinto fomos com a companhia dos nossos amigos do PCP, que também lá foram em campanha para as autárquicas.

O Alexandre pensativo. A Celina e o Carlos Teixeira em animada cavaqueira.

A nossa bandeira nacional, sempre bela, em qualquer parte. O pior são as assimetrias que se verificam no concelho de Aveiro, um pouco o espelho das assimetrias nacionais. S. Jacinto parece bastante esquecida da autarquia. A freguesia que tem as únicas praias do concelho, o que representa, aparentemente, um enorme potencial. Mas nada se passa, não há infraestruturas mínimas, as ruas estão sujas, não há o devido cuidado com o espaço público. Muito mau para ser verdade. As pessoas todas pagam impostos, mas nem todas recebem o mínimo de retorno do seu esforço de uma vida. Parece que existem pessoas de primeira e pessoas de segunda.

Em todo o lado, mesmo nos lugares mais esquecidos e empobrecidos, há beleza, nos pormenores, nas cores, nas texturas.
E é nos pormenores que está o problema: pequenas diferenças poderiam fazer uma grande mudança nas condições de vida das pessoas que vivem em São Jacinto. Pequenas melhorias, atenção rigorosa aos pormenores. Pelo menos as infraestruturas básicas.

A Igreja de Nossa Senhora das Areias, com um belo painel de azulejos/mosaicos. E, São Jacinto há a Rua do Sol, que, por acaso, hoje não apareceu. Em vez disso, uma torrencial chuvada, que nos deixou todos molhados. A campanha não é fácil.

Para além da Igreja de Nossa Senhora das Areias - na foto acima vemos a Celina, o Carlos e o Simão à entrada -, São Jacinto é conhecida pela existência da Base Aérea, da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto e das únicas praias do concelho de Aveiro.
Os populares com quem falámos sublinharam a falta de investimento da Câmara em São Jacinto. Com mais algum esforço seria possível ter muito mais gente a visitar a terra, a vir à praia, e a gastar algum dinheiro por ali. Queixam-se de não haver actividades culturais, que nem as chamadas festas tradicionais têm grande apoio. Alguns chegam mesmo a dizer que talvez fosse melhor passar para o Concelho da Murtosa.

A beleza nos pormenores, nas cores, nas texturas, mais uma vez. É preciso, também na política, olhar para o pormenor que faz toda a diferença. Um olhar humano, próximo das pessoas, dos lugares. Podemos ser pobres, é certo, mas, mesmo assim, nada nos desculpa a desorganização, a falta de limpeza, o desleixe, as obras que deixam as pedras levantadas nos passeios, montes de entulho esquecidos. Se não formos capazes de melhorar a paisagem, sobretudo a paisagem intervencionada pelo homem, não seremos capazes de chamar pessoas, turistas. Não seremos capazes de proteger o que é nosso e de o promover, para bem-estar de quem aqui vive e trabalha, mas também dos forasteiros, que aqui podem deixar dinheiro, riqueza. E, sem riqueza, não podemos proporcionar melhores condições de vida para todos. Não podemos ter futuro.

Um amontoado de cacos e entulho mesmo nas traseiras da Junta de Freguesia. Não contribui em nada para a qualidade da paisagem. Um cenário que se repete frequentemente pelas ruas da freguesia, desta e das outras no concelho. Um campo de futebol ao ar livre, cujas redes estão já bastante danificadas. Tem o ar de estar quase abandonado. Às vezes, por um bocadinho mais de esforço, ficamos aquém de fazer bem as coisas.

Espaços por arranjar e cuidar convenientemente, a feira que deixa as ruas todas sujas. Não há caixotes de lixo, não há indicações claras aos feirantes que nada pode ficar por ali, ao vento, sujando as ruas.
Na zona de chegada das lanchas e do Ferry não há o mínimo de condições para os viajantes. Hoje choveu a cântaros e as pessoas estavam à chuva para entrar no barco - uma vergonha. Ao mesmo tempo, não há indicações claras sobre os pontos de interesse na Freguesia: as praias, a Igreja, a Base, a Reserva, entre outros, nomeadamente sobre as possíveis paragens gastronómicas. Custaria assim tanto ter disponível, em painéis de qualidade, uma informação "turística" bilingue (português/inglês)?
O nosso outdoor em São Jacinto. É pequeno, porque não há dinheiro para mais, mas está bem colocado, mesmo na zona de entrada da base aérea de S. Jacinto.
A viagem para Aveiro foi surreal. Viajámos, novamente com os nossos parceiros do PCP, no ferry, pois os bilhetes da lancha servem para o gasto. A coisa é feita de pé, com pouca ou nenhuma cobertura e comodidade, pelo que o dilúvio que se abateu sobre a Ria nos deixou completamente ensopados. Quem disse que a política é fácil?

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